domingo, 17 de fevereiro de 2008

O Filho, a Árvore, o Livro


A morte que faz a vida ser o que é, faz com que o amor ilumine a escuridão e o homem caminhe pela terra com algum tipo de motivação, é algo que o faz querer viver com entusiasmo e vibração. O saber que caminhamos para um fim físico certo, nos faz tentar juntar na bagagem da vida coisas suficientes que possamos levar e que acima de tudo possamos deixar, a obra do homem é o que fica, o filho, a árvore, o livro, e tudo o que esteja inerente e ligado a essas três dádivas, nos segundos antes de finalmente fecharmos os olhos na despedida vem as lembranças do caminhador, e com ela a consciência, por isso é a vida é tão bela e ao mesmo tempo difícil.
Nesse caminho tenho pena de muitas vezes não conseguir apenas ter amigos e que meu coração não sinta apenas paz e amor, sentir a desilusão, perceber que nem sempre estou juntando em meu ser, naquilo que sou, apenas coisas boas me trás um amargor, e ai entra a súplica em pedir as forças do mundo que me ajudem com esse fardo, que o tempo, junto com as forças da natureza me purifiquem de mim mesmo e daqueles sentimentos que nem sei porque, me pertencem, o perdão é o que peço ao mundo das pessoas, e só com ele, o perdão, é que posso me livrar da bagagem que não desejo ter nesse caminho, preciso perdoar e ser perdoado, para só então encontrar a plenitude, não temo a morte, mais o mal que posso deixar no mundo enquanto ser vivo, essa é minha angustia, pois sei quem sou e vejo coisas inacreditáveis sendo feitas pelas mãos dos homens. A Capoeira é um caminho e minha ferramenta de vida, grande responsabilidade esta minha, ancestralidade e fundamento, futuro e construção, que eu tenha tempo e o possa usar bem para melhorar.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Nem um copo d'agua!!


Hoje encontrei um Mestre amigo meu no Metro, sempre bem disposto e cheio de boa energia, em pensar que esses últimos tempos para ele tem sido muito difíceis, pois sofreu uma operação a perna onde perdeu muita massa muscular e até a simples acção de caminhar para ele torna-se difícil, quanto mais jogar capoeira, mas ele joga,
quando a capoeira precisa ele tá sempre as ordens.
Eu me lembro de há pelo menos dez anos atrás ele dar aulas a crianças que hoje já cresceram, apoio, dedicação foram coisas que ele sempre dedicou a capoeira, perguntei por outro Mestre amigo nosso em comum, ele respondeu dizendo que está ausente há algum tempo, fiquei me interrogando o que o poderia fazer estar distante, depois ele continuo dizendo que ele próprio também estava dando um tempo da capoeira, se dedicando mais ao trabalho de educador de uma escola, e saiu-se com uma frase “estive doente e debilitado durante muito tempo, nem um copo d’água me levaram” isso me fez pensar de como as vezes o aluno é ingrato, aprende, bebe da fonte, recebe sempre a atenção e dedicação, mesmo que o Mestre possua uma disciplina rígida, está ali para fazer o melhor possível e criar um bom capoeira, mais o aluno só quer o filé, roer o osso nunca quer, ou então quando trabalha um pouco já acha que sabe tudo e ai a capoeira perde, porque essa pessoa deixa os ensinamentos ainda nem se formou professor e vai dar aula como mestre, e o Mestre passa a sentir que sua vida é só isso, ser sugado o tempo todo, sempre tem alguém pra sacanear, reclamar, exigir e falar mal, ou então mentir, dizendo que adora o Mestre, mais quando ele tá na pior, nem liga pra saber se tá tudo bem, se precisa ao menos “de um copo d’água”, quando o Mestre tá por cima ele tá lá colado, absorvendo tudo, dizendo da sua lealdade, falando da sua admiração, amizade, que nunca vai abandonar esse Mestre, basta o outros ser humano fraquejar um pouco e pronto, ele pula fora do barco, e é isso que faz quem dar aulas pensar na vida como capoeira, pensar no que é o aluno, o discípulo, a capoeira, é mesmo preciso ser guerreiro, e como se diz na linguagem da capoeira “Capoeira não é pra otário não” resta saber de qual dos otários se está falando, do Mestre que está sempre acreditando que pode mudar o mundo ensinando sua arte e é enganado pelas coisas da vida, ou do outro otário, que suga, é falso acha que é malandro mais está ele mesmo destruindo e esvaziando a capoeira dos pilares da ancestralidade, em prol de algo tão supérfluo como apenas levantar as pernas, e ficar achando que sabe tudo, e se um dia amadurecer, vai ver a porcaria que fez quando traiu quem lhe ensinou e cuspiu no prato que comeu.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

O cavaleiro andante contra a máscara da utopia


Com um escudo de madeira feito de um tabuleiro de damas, um elmo de papel cartão vindo da caixa vazia de biscoitos sortidos da dispensa da casa de minha tia e ainda a inseparável espada de cabo de vassoura, claro esta danificada para poder ser usada na campanha dos cavaleiros, eu e meu primo Monteiro, nos lançava-mos sobre os cães de rua ferozes, subia-mos as muralhas e muros dos vizinhos e galopava-mos nas nossas bicicletas, numa cruzada feroz e sempre confiantes da vitória, cavaleiro desde os meus sete anos de idade venho percorrendo o mundo da descoberta, tentando ser herói mais errando como um vilão, como o Dom Quixote em suas aventuras de sonhos e ilusão.
Da criança que fui fica a música dos 14bis, onde não devemos deixar morrer o sorriso de menino que tem dentro de nós, esse sorriso é a força ancestral do amor, desse amor surge o ideal e desse ideal o sonho e o sonho produz o trabalho e o trabalho é do mundo e o mundo, e o mundo?
Nesse caminho de caminhador juntei minhas experiências de vida, do trabalho desde menino a descoberta de um novo saber, porém não consigo deixar de pensar na minha teoria e modo de vida, pensar se minha vida é tragédia ou comédia, como na ligação da tragédia onde o herói nasce triunfante vindo a custo e força própria do reino distante e que arrebata o mundo com sua juventude e espírito empreendedor, onde em sua volta sem que necessite de muito esforço o mundo cai admirado aos seus pés, pois os seus princípios são o reflexo do lado bom que todo ser humano possui e quando temos o bem como objectivo, a natureza se encarrega de fazer o resto, isso é o mundo, a eterna lei da causa e efeito, porém da antítese dessa lei vem a ruína do cavaleiro, pois aqueles que lhe amavam agora o tomam como errado e fazem de seu ideal uma utopia como forma de conseguirem caminhar sem a responsabilidade da vida, fazendo as coisas simplesmente por fazer, vivendo sem se perguntar, mais para isso tenhem de matar o cavaleiro, aquele que cobra e não dá descanso, como o velho cavaleiro andante de Cervantes a sua armadura deve estar enferrujada e com isso cheia de pontos fracos. Eis que se dá o embate, mais o cavaleiro não é feito apenas do ferro velho de sua armadura, mais do aço de sua bravura, por isso não irá tombar, e o que teria como fim um isolamento e a expulsão do paraíso, vira a vitória da comédia, onde ele encontra através dos seus erros a vitória, e prova a realidade e legalidade de seus ideais, destruindo a máscara pesada utópica com que outros quiseram tapar esse sonho, isso é acreditar em você mesmo cavaleiro, pois o tempo é rei e a todos muda, assim o sonho continua vivo e o que voçê acredita também, mesmo que tenha tombado do cavalo, é tempo de reconhecer a queda sem desanimar, levantar sacudir a poeira e retomar o caminho de caminhador.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Pátria que nos pariu?




Um dos meus melhores amigos, são uns cinco no máximo que tenho, me ligou esses dias super feliz, vai sair o visto de residência dele depois de quatro anos a viver aqui como ilegal, pois é, aquilo por que tanto um imigrante almeja. No momento que se sabe que vamos ser legalizados tudo que é de mal, como a velha frase quando um nativo fica chateado connosco, “Vai pra tua terra!!!” ou como a fila da vergonha, que hoje já melhorou, que ficava nos fundos do prédio do Serviço de Estrangeiros e fronteiras, chegava-se lá entre a meia noite e uma da manhã para poder pegar uma senha, o serviço abria as oito ou nove não me lembro bem, chovia ou fizesse sol era no relento que ficava-mos e se alguém precisasse do um formulário ouvia de um segurança ignorante, “Leia esse papel, sabes ler?” ai tinha escrito “Fila única, para qualquer assunto”, seja uma simples pergunta do género “onde fica a casa de banho(banheiro)?” e o dedo indicador apontava para a fila, os trabalhos em subempregos de domingo a domingo, isso tudo já não conta, mesmo a situação de não podemos ter o visto de residência e nem trabalhar por ter entrado aqui com um visto de turista mais podermos e devermos pagar a segurança social, diga-se de passagem, porque ela está falindo (é o sistema de previdência daqui), todos os impostos também podemos e devemos pagar e ainda ter que se andar com cuidado para não ser apanhado e deportado pelas autoridades, o sistema nos trata como restos e o sistema político não tem uma saída, afinal isso é Europa e com o velho mundo não se brinca. Pois é, mais estava eu falando da felicidade do meu amigo, eu andei nas nuvens quando em tempos atrás consegui minha residência, é como se a partir dali fossemos alguém, ficamos até torcendo para a polícia nos pedir nossa documentação para podermos dar uma carteirada nos “bófias”, como aqui são chamados os policiais e é uma felicidade só, esse meu amigo vai esquecer até que teve que pagar ainda 600,00€ pelo documento, cerca de 1.400,00 Reais, comentei com um aluno meu da capoeira que é brasileiro e ele me disse, eu pagava até mais pra sair dessa situação.
Pois é, ai com sempre entram meus dilemas existenciais, se é tão ruim, porque viemos então? Ai a conversa muda de figura, tenho uma filha aqui, óptimos amigos, e hoje consegui uma certa estabilidade social, se bem que a nível de trabalho isso não existe em várias das camadas sociais, é uma desvalorização do trabalho e não existe contrato, somos na maioria trabalhadores independentes autónomos, mais o fato é que podemos dizer que somos guerreiros, ninguém sabe até passar pela experiência, de o que é ser um imigrante, Mas fiquei sabendo que no Brasil a máquina burocrática e o sistema para concessão de visto é tão ruim quanto aqui, fora as piadas de portugueses que contamos ai, então vejo que sou gringo no brasil e imigra em Portugal, como Sócrates disse, “não sou nem Grego nem Ateniense” a dúvida nos toma o pensamento e ficamos entre a balança do amor e do ódio, pois como dizem os iluminados a felicidade não está no exterior e sim dentro de nós, é o que eu pensava quando estava naquela fila da vergonha, o mundo então toma outra forma, fica para além de uma fronteira de um lugar que nos pariu, o mundo é nosso lugar e ai é que tá o problema, pois o mundo maior é bem mais difícil de compreender, que saudade do meu mundinho do quintal de casa e da vizinhança do bairro, da simplicidade e honestidade de muito pobre trabalhador, o pior é que já não se tem volta, o melhor é que é sempre assim, viver um dia após o outro, e descobrir a cada momento um mundo diferente e belo, para poder anular o outro lado da moeda, que é o que falei no começo desse desabafo.

domingo, 10 de fevereiro de 2008

Homem não chora!!! já tô chorando...




Cresci numa sociedade machista, aprendendo o valor do “Homem não chora” o Nordeste brasileiro é um lugar onde o preceito masculino é de faca na cintura e não levar desaforo para casa, a sensibilidade talvez seja algo para os fracos, porém, sempre procurei cultivar essa sensibilidade, os sentimentos como amizade, amor e respeito, desde que fosse respeitado, se não o pau quebra. Outro valor ou não, cada um pensa de forma própria, era e é, acho eu, pois essa é minha dúvida actual, que nós os homens, sempre tivemos um acordo talvez secreto, natural de cumplicidade, até seria isso que nos colocava numa relação interpessoal de uns com os outros mais clara e segura do que as mulheres entre elas, a coisa do não falar do outro ou pelo menos falar pouco, pois um homem deve respeitar o espaço do outro, e aprendi que “homem que e homem” isso já me lembra um programa humorístico, quando tem algo para dizer para outro diz na cara, na lata, pois se não o fizer corre o risco de ser visto como um fraco, um covarde. Pois é, cresci com esses valores, consciente deles desde juventude, e tive de administrar tal responsabilidade, hoje com outra maturidade, certas verdades já são sem sentido, mais continuo achando que frontalidade é coragem e que agente tem de enfrentar o medo de frente, pois bem, hoje me sinto triste com certos alunos meus, homens, que não tem frontalidade, ex-amigos também, é o caso de se dizer que possuem um caracter bom, óptimo, na maioria pessoas boas, mais quando se fala de personalidade, ai vem o problema. Tive agora ha pouco tempo um problema de relação no meu grupo de capoeira, e o engraçado é que olho para os rapazes e vejo uma fraqueza de personalidade incrível, nisso aqui em Portugal as mulheres dão um banho nos homens, são como se diz por aqui “mulheres com faca na liga”, o que as tornam ainda mais imprevisíveis, pois tem a astucia feminina, e a coragem de falar na cara o que pensam, quando não usam daquela famosa artimanha feminina do sexo frágil, mais que quando tu vê, já levasse a rasteira. O caso é que ouve um levante em relação a minha pessoa, uma reunião de surpresa onde fui confrontado com coisas com e sem sentido, isso é outra história, mais as mulheres é que tomaram a rédea do pensamento, achei que os homens alunos seriam uma resistência ou um apoio pra mim, grande erro, isso aqui em Portugal não existe, os caras calados, uns até se colocaram do lado por conveniência ou covardia, para depois vim me pedir desculpas a sós é claro, mais na frente delas, diziam, “elas tem razão, isso é um absurdo” e depois quando me encaravam de frente, a sós, coitados, dá pena, e é isso de ser firme nas ideias e ser frontal, que é algo que pensei que não precisasse ensinar, mais pelos vistos a galera aqui tá anos luz de entender, porém, dentro dessa situação, se encontra um familiar meu e ai foi um choque, quando vi que ele balançava a cabeça igual lagartixa na parede, dando razão a situações falsas, até fez afirmações repetindo pensamentos de outra pessoa, ficou calado quando falaram por ele, e vi que afinal talvez esses “valores” não esteja ligado a nacionalidade, e sim a geração, por isso, tenho agora de aprender a viver só, pois o que tem de homem sem frontalidade e coragem não dá para acreditar.
Essa é a verdade, como posso conseguir confiar num aluno para ser líder ou Mestre de capoeira? Se eles nem sabem ser firmes nas suas ideias e mudam conforme a conveniência, claro que temos de ser camaleão e mudar de cor quando preciso, saber viver nesse mundo cão é complicado, tem muitos mestres que vivem de procurar alunos dos outros para encherem seu grupo e dizer que é seu trabalho de capoeira, a vida é feita de muitos interesses e jogos de poder, pena os valores dos homens cada vez mais estarem se diluindo, e nisso tudo, voltando ao assunto de estar magoado, uma aluna disse que eu falei mal dela quando ela não estava presente, das maiores ofensas que já passei, logo eu, que aprendi o que é lutar desde cedo, falei dela por que precisava falar, realmente ela não estava, mais deveria estar, pois era o que me faltava eu agora virar uma florzinha com medo de olhar nos olhos de alguém e dizer tudo o que tenho para dizer, mas tudo é aprendizado certo? Temos de pisar devagar.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

A mangueira e o formigueiro




Esse Blog tem de se manter discreto e não muito visto, pois devo escrever coisas que a princípio devem parecer depressivas, o que não é nada bom para as pessoas lerem, afinal cada um tem seus fantasmas e carregam o peso do mundo nas costas, em alguns momentos longos podemos fazer essa tarefa com mais alegria. Não é o caso do meu momento, na verdade nem sei em que momento me encontro, quando se diz que precisamos alcançar muitas vezes o fundo do poço para tocarmos os pés e ter como impulsionar o corpo para a fulga do buraco, acredito que eu já tenha tocado com os pés lá em baixo, estou no caminho de volta a luz, acho que é por isso que sinto um misto de alegria e tristesa, sensação de derrota mais esperança de vitória.
Hoje como em muitos outros dias acordo pensando em pessoas que me são queridas, ou que talvez eram-me queridas, dou aulas de capoeira, e sempre soube que esse caminho é difícil, mais nunca pensei que fosse tanto, o meu problema é comigo mesmo, pois criei a situação em alguns aspectos, mais fico espantado com a capacidade das pessoas em se aproveitarem de um erro e fazerem o mal, a ipocrisia, covardia, falsidade, deslealdade, caminham com o mundo desde os tempos remotos, dai surgir os mitos gregos, com Deuses que traem, matam, pecam e destroem para depois reconstruir, de Adão e Erva, para explicar nossos pecados e falhas, é isso que somos, e na capoeira, nessa roda de capoeira que é a vida, não fugimos as regras.
Devo estar desapegado as coisas para sobreviver melhor, pois a perda é constante, tanto materialmente como mentalmente, sinto muita desilusão e raíva dessas pessoas, mais também de mim mesmo, é o mundo no seu pior, mais me consola o saber que a vida não é só um punhado de pessoas de um gupo de capoeira, o mundo não sou eu, ainda posso continuar a viver, só basta perder o medo da desilusão, pois confiei em pessoas erradas, mais tenho de continuar confiando, pois se não o fizer, posso cair no erro de virar um Mestre amargo, isolado e sem brilho, com muitas coisas a frente da capoeira, ai, terei perdido o respeito dela, pois é como se fugir da luta, e a capoeira vai e nos deixa, é isso que não quero, por isso, devo mudar e reciclar, talvez, naõ sei bem ainda, estou pensando nisso, seja melhor me concentrar apenas nos alunos novos, dizer que não quero mais estar com aqueles que me acompanham a mais de dez anos que procurem o caminho deles, e também aqueles que não estão a tanto tempo mais que agem como se me conhecesem a muito, esses tenho até mais pena do que os primeiros, pois os outros tem tempo e conhecimento para saberem quem sou e o que procuro, esses segundos, só pensam que sabem, coitados.
A capoeira não é minha, para alguém que não conhece a capoeira é difícil explicar, mais pensem que o vosso trabalho é vosso modo de vida, a capoeira é parte da minha educação, promove meu nível social, representa uma parte do meu saber filosófico e da minha crença espiritual, é meu esporte e minha ligação com o popular para além de ser meu sustento e profissão.
Essas pessoas balançaram meu mundo, minha vida, e nem sabem até onde o fizeram, é como aquela criança que brincando coloca a mangueira no formigueiro, é o caos completo, e apenas um lado sabe disso.
Bom, vou dar aula agora, foi bom o desabafo, continuarei a escrever sem apenas uma linha de raciocínio, escreverei o que penso, e assim é como faço na meditação, é colocar tudo pra fora, para começar denovo.

domingo, 3 de fevereiro de 2008

Hoje é Domingo, um dia chuvoso e sem ondas, tenho sempre procurador surfar para esquecer, ou melhor lembrar das coisas ruins da vida, a relação humana é complicada e no mar posso dar vasão as minhas angustias e ao mesmo tempo me banhar na mais pura energia da natureza.
Minha luta é interna, com as falhas e erros que cometo no pensamento e nas atitudes irreflectidas, afinal agir por impulso é socialmente condenável, pelo menos quando ela se rusumem a um erro.


Viver fora do nosso país por si já é complicado, temos de estar atentos com nossos habitos e costumes, sempre se adaptando para melhor viver, viver a verdade que muitas vezes não é a nossa, porém sei que em qualquer parte do mundo devemos ser sempre contraditórios, é isso que sinto que somos, ainda não chegamos a um consenso do que é certo e errado, o caminho da vida ao mesmo tempo que podemos dizer-se ser longo, noutra ocasião podemos dizer, "a vida passa rápido", a natureza é harmoniosa, mais os seres se degladeiam, matam, morrem e é o caos, essa procura do caminhante deve ser eterna, porém já me sinto cansado, em quanto isso, o tempo não para e temos de continuar. Esse é o domingo, entre um jogo de Pc na fuga do mundo lá fora entre palavras inscritas espontaneamente, nota-se que escrevo sem uma linha sempre definida de pensamento, esse é meu domingo hoje.

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Oração de um capoeira




Capoeira, tu que é mais do que eu, infinita, tudo que a boca come, o universo ancestral que paira sobre e dentro de um ser como eu, eu que sou pequeno, um pequeno aprendiz com imperfeições, que deslumbra a Mestria mas não a pode tocar, porque ela pertence aos antigos, aqueles que escreveram seu nome no mundo através de seu trabalho, quem sou eu? a não ser uma cópia mal feita de mim mesmo, onde mãos que já me acariciaram agora apontam seus dedos de indignação e raiva, de onde partem as setas venenosas do julgamento, perco minha fé em mim, mais não em ti capoeira, porque tu és mais do que ninguém, és a vida e andas acima dela, abraça-me e me leva em teus braços, sara minhas feridas, e joga-me na roda da vida, como um bicho acuado, assustado, mais que vê a luz por sobre o berimbau, que sente o cheiro do suor da luta, que ouve o chamado do mundo, que se entrega aos teus pés se benze e volta para o jogo, com a esperança de poder sair vitorioso, e se mesmo assim eu tombar, que o ciclo infinito da volta ao mundo sempre me dê uma nova chance, até que eu desapareça, ou desista.